Já dizia o ditado: quantidade não é qualidade. A mesma frase pode ser empregada no mundo dos livros e é de suma importância que o escritor tenha isso em mente quando se prepara para escrever uma nova história. Estou cansada de ver livros volumosos, que mal cabem em uma simples estante, entregue às traças virarem apoio de mesa. Não são consumidos por um leitor assíduo que tem sua imaginação perene, latente e vívida. Quanto mais temos experiências com bons livros, mais precisamos nos acalentar com a promessa de novos contos fantásticos, que em detrimento das incontáveis páginas mórbidas e pacatas, sem nenhum objetivo, nos elevam à um patamar sólido e rico de vivências mágicas que celebram a vida.
O sucesso de um escritor não depende de suas infinitas publicações, pois mais valem o conteúdo nelas elencado. Mais importante é o trilhar que percorre o escritor, em seus caminhos nada programados, livres para produzir o que o coração desejar, sedentos por um saber glorioso que os levam a desvendar o insondável da mente humana, o arcabouço da imaginação. Nossa remessa de criatividade surge com o tempo, à medida que crescemos carregamos conosco um arsenal de possibilidades criativas, fruto das experiências que nos moldam enquanto seres humanos. Um saber que jamais pode ser dissociado de nosso coração, dos sentimentos bons e ruins que formamos no decorrer da existência..
Penso na paciência dos professores e elas me servem de lição, e também de incentivo. Ainda muito novinha eu gostava de inventar histórias. Elas não chegavam a estampar as páginas de um livro mas povoavam meus sonhos. Antes de dormir, meu passatempo era inventar na mente as mais excitantes situações. Bruxas, reis, príncipes, princesas, dragões e monstros, todos pertencentes ao mundo imaginário de uma garotinha em formação. Mas eu não tinha idade pra escrever um livro, mesmo assim o fazia em silêncio, nas páginas em branco de minha mente irrequieta.
Sonho em um dia seguir o exemplo de meus professores. Elaborar aulas criativas e conduzir o imaginário das crianças a elaboradas histórias. Queria poder ser um dia professora de redação, somente para contribuir um pouco na evolução dos pequeninos pelos caminhos da leitura e deixar aflorar seus sentimentos que um dia poderão se tornar o solo fecundo para criações ousadas, cheias de otimismo. Um norte e o começo para sua vida futura, com responsabilidades que poderão, de uma maneira lúdica, não serem tão pesadas aos jovens aprendizes do teatro da vida.
Atualmente, todas as profissões exigem que você tenha uma boa escrita. Escrever bem com coerência e criatividade tornou-se um desafio para profissionais de grandes corporações, e isso é desenvolvido em nossa idade pré-escolar. Alguns traumas em nosso processo criativo podem minar nossas reservas emotivas e extinguir o que temos de melhor a se colocar no papel. Por isso, é fundamental tratar, na nascente do problema, a causa do que nos leva a fraquejar. Escrever é um papel desempenhado por quem se torna forte, aprendendo com seus tropeços e evoluindo na escala do saber. Almejo ser uma boa escritora, professora e um dia, quem sabe, se Deus permitir, mãe. Somente as mães podem escrever com propriedade sobre a fina arte de amar. O recurso envolvente e sólido de um bom romance, eu acredito.
Então, vamos nos policiar e recusar a maldade que assola esta humanidade. Brinque mais com seus filhos e não deixem que a capacidade imaginativa de seus corações se esfrie. Ouse inventar mil histórias com seus brinquedos e se ele não tiver nenhum, faça de um pedaço de papel e de um lápis sua melhor diversão. Já dizia Malala: uma criança, um professor, uma caneta e um livro podem mudar um mundo. Assim, sabemos que este cenário em que vivemos precisa cada vez mais de pessoas empenhadas em proporcionar meios que incitam a imaginação. Cada um exercendo seu papel, com respeito e ousadia, para que no futuro sejamos instrumentos de renovação, dedicando nosso tempo, mais e mais, em favor de uma escrita criativa, que nos faça mergulhar no oceano de possibilidades que é a mente humana.